segunda-feira, 18 de maio de 2009

Buddy Rich, num solo fantástico:Grande Baterista...

A crise vista de... (nova série no Monde diplomatique)


Um jornalismo que dê prioridade à investigação e à reportagem de qualidade será provavelmente o mais bem preparado para enfrentar a actual crise da imprensa. Por oposição a um jornalismo assente na repetição, no copiar-colar (não confundir com a importância de organizar a informação, de criar ligações).

Como afirma Jeff Jarvis aqui, «cada minuto do tempo de um jornalista deveria servir para acrescentar valor ao ecossistema da informação», «um valor único e de qualidade».

O Monde diplomatique sempre apostou na investigação e na reportagem, mas agora pode fazê-lo fortalecido pelas 73 edições que tem em todo o mundo. Este mês iniciou a publicação de uma série de artigos intitulada «A crise vista de…». Mensalmente, vai olhar a forma como a crise económica atinge as populações de forma diferente, consoante o nível de abertura do país, a sua regulamentação, a sua protecção social… Explorando a realidade de uma cidade média, na Europa, na Ásia, em África ou nas Américas. Uma cidade industrial, mineira, turística ou simplesmente residencial.

A série abre com uma reportagem em Kherson, na Ucrânia, da jornalista Mathilde Gonaec. Informação sobre o período da URSS, a independência, a financeirização da economia, a crise, o desemprego, a desprotecção social, a revolta dos operários, na primeira pessoa. As soluções possíveis. Vale a pena ler.

É com informação que se constrói cidadãos – europeus ou do mundo. Algo que o Vasco Graça Moura que escreve este artigo contra os «euroanalfabetos» parece ter esquecido quando, a 6 de Maio, no Parlamento Europeu, votou a favor de os operadores de Internet ou as autoridades administrativas poderem cortar o acesso dos utilizadores à Internet sem decisão judicial prévia. Felizmente, perdeu. Felizmente também, os projectos de informação alternativa continuam aí.

Luto nacional no Uruguai e no Mexico por morte de Benedetti





Em dia de luto nacional, os restos do poeta e escritor uruguaio Mario Benedetti estão sendo velados com honras pátrias na sede do Palácio Legislativo, confirmaram fontes oficiais.
O prestigioso intelectual faleceu neste domingo nesta capital aos 88 anos de idade, vítima de uma insuficiência renal e depois de sofrer desde inícios de 2008 severos quebrantos de saúde devido a problemas intestinais e a uma doença respiratória crônica de longa evolução.
Seus restos serão velados no Salão dos Passos Perdidos do Parlamento, a partir de 09:00 hora local (12:00 GMT), informou o diretor de Cultura da Intendência de Montevidéu e amigo pessoal de Benedetti, Mauricio Rosencof.
Se Mario não deixou instruções em contrário, na terça-feira 19, seus restos serão depositados no Panteón Nacional do Cemitério Central, disse Rosencof. Se respeitarão cabalmente as disposições que tenha deixado para seu velório e enterro, acrescentou.
Está previsto que no enterro participem o presidente Tabaré Vázquez e o vice-presidente Rodolfo Nin Novoa.
Autor mais de 80 livros de poemas, novelas, relatos, ensaios e teatro, bem como de guias de cinema e crônicas de humor, Benedetti mereceu lauros tão preciosos como a Rainha Sofía de Poesia Ibero-americana, o Méndez Pelayo ou o Ibero-americano José Martí.
Figura ilustre das letras de seu país e um dos grandes da literatura hispano-americana, a última de suas obras que viu a luz foi o poemario "Testemunha de um mesmo", em agosto do passado ano. Benedetti deixou inconcluso um novo livro de poesia de título provisório "Biografia para encontrar-me".


México também lamenta a morte de Benedetti

Gabriela Guerra Rey

Um ícone da literatura iberoamericana faleceu em Montevidéu, Mario Benedetti, sua perda é sentida hoje na imprensa mexicana e no sentimento de que cresceu com sua prosa e adoraram sua poesia.
"Tenho uma manhã que é minha e uma manhã que é de todos, a minha acaba amanhã, mas sobrevive a outra", com essa frase apareceu na segunda-feira o poeta em primeira página do La Jornada.
Os meios em geral fizeram-se eco de uma notícia que pela primeira vez em vários dias obriga a se tomar uns minutos de dor pelo desaparecimento físico do autor, sem pensar em crise, violência, eleições, ou a influenza A(H1N1), epidemia que afeta o país dos astecas há mais de um mês.
O próprio rotativo recordou uma entrevista de 1997 com o autor, na que afirmou: "não tenho uma atitude subversiva, mas crítica, digo o que me parece mau".
O ururguaio, quiçá o mais emblemático de seu tempo, teve que abandonar seu país depois do golpe militar de 1973, a ditadura o buscou para o prender e cumprir a sentença de morte já ordenada.
Mas só agora, mais de 35 anos depois, é que se deixa prender, não por seus perseguidores, mas pela velhice e a doença.
Em 1983 foi que começou seu desexílio, como o mesmo o denominou, tema que abordou em muitas de suas obras, refletiram as páginas dos jornais nesta nação. Sua morte levou ao governo uruguaio a decretar luto nacional e realizar sua velório com honras pátrias no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo, sede do Congresso.
O México no meio da difícil situação que enfrenta por estes dias, também estará sentindo por sua perda.
Segundo refletiu o matutino Milênio, os problemas recentes de saúde do escritor de Obrigado pelo fogo, estavam relacionados com um mau funcionamento intestinal. Já no ano anterior várias vezes se temeu por seu frágil estado.
Esta publicação começou sua homenagem recordando que ao redor de Benedetti não tinha só leitores apaixonados, tinha quem venerava sua palavra, sua forma de ver o mundo, a realidade social e política, mas também sua maneira de contar o amor e o desamor.
Também, Milenio relembra as façanhas do humanista e do literato.
"Um escritor que cantou à vida como poucos e respeitou sua consciência como ninguém", "fez da ética uma arma para se abrir passo na vida", indicou o rotativo.
Para Mario Benedetti, a poesia era um sótão de almas, uma janela para a utopia e uma drenagem da vida, que ensina a não temer à morte, assim se recordou nesta nação da América Latina, comovida também por sua morte.
A página digital yucateca PorEsto, titula Adeus a um grande, a despedida para o homem nascido em 14 de setembro de 1920 em Paso de los Toros.
Benedetti foi distinguido ao longo de sua vida com o doutorado Honoris Causa por várias universidades latinoamericanas e europeias.
Autor de dezenas de livros de poemas, prosa, contos, novelas e ensaios, bem como de teatro.
Recebeu numerosos prêmios, entre os quais figura o Internacional Menéndez Pelayo em 2005, a Rainha Sofía de Poesia Iberoamericana em 1999 e o Iberoamericano José Martí em 2001.
Sem estridências de nenhum tipo, a prodigiosa pluma fez da discrição e da humildade rasgos genuínos que o acompanharam até o dia do adeus, para deixar um legado que ultrapassa as fronteiras do literário, concluiu PorEsto.
Texto: Prensa Latina /PatriaLatina

O conto da Microsoft

O conto da Microsoft

Por Brunna Rosa - Revista Fórum

Em 2003, a Microsoft lançava mundialmente o projeto Parceiros na Aprendizagem, em que se planejou e executou durante cinco anos uma série de iniciativas educacionais em diversos países do mundo. No Brasil, três programas formam o conjunto principal da atuação da empresa na educação pública brasileira, Aprendendo em Parceria (AP), Gestor Escolar e Tecnologia (GET) e Aluno Monitor (AM), este último o principal dos programas em execução até hoje no país e que promove a formação dos alunos em conceitos básicos de tecnologia, a partir do conceito da multiplicação de conhecimentos para educadores e alunos. O primeiro estado que aderiu à iniciativa foi a Paraíba, em 2004, exemplo seguido posteriormente por Goiás, Pernambuco, São Paulo e que tem atualmente 67 outras parcerias, entre elas as secretarias de Educação, municipais e estaduais, além de organizações não governamentais (Ongs).
O resultado é que, juntos, os três programas treinaram cerca de 246.282 professores, 232.176 alunos, 24 mil gestores em 13.651 escolas. Os dados pertencem à própria Microsoft, em seu relatório final sobre o Parceiros na Aprendizagem, divulgado em 2008. “Trata-se, portanto, de um compromisso da empresa com a educação pública para desenvolver o potencial pleno de gestores, educadores, estudantes e da comunidade escolar, por meio de tecnologias de apoio pedagógico especializado e capacitação de educadores”, explica o texto no relatório final, que apesar de trazer os números das capacitações e as diretrizes para futuras alterações nos projetos, dados como os investimentos das secretarias de Educação e seus respectivos impactos na sociedade não existem.
O fato é que a Microsoft está investindo, cada vez mais, em seus projetos e os inserindo na educação pública do Brasil. Isso pode não ser tão bom quanto parece. Frente à inquestionável redução nos gastos, que dizem respeito às aquisições de licenças dos softwares proprietários, a partir da opção pela utilização do software livre, e a política do governo federal que quer universalizar o acesso aos computadores, como ferramenta de auxílio educacional, a Microsoft lança mais uma vez o seu “canto da sereia”.
No final de 2008, o Windows Educação foi apresentado como a solução frente aos altos valores de mercado das suas licenças. A promessa é que cada licença do sistema operacional e do pacote de software Office custe US$ 7. A Microsoft apresentou aos representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) o novo projeto. A iniciativa já começou a dar frutos para esta nova empreitada da Microsoft. Em abril deste ano, a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul oficializou durante o Fórum de Líderes de Governo das Américas, promovido pela própria Microsoft e que reúne representantes de governos, ONGs e empresas, a parceria entre o Rio Grande do Sul e a empresa.
O acordo prevê, entre alguns projetos, a implementação do Windows Educação, o que transforma o estado no primeiro a entregar todos seus computadores ao monopólio da licença. Serão cerca de 1,2 milhão de alunos das escolas públicas que irão utilizar uma única plataforma de software, e esta é exatamente a grande crítica da comunidade de software livre no país. “Este acordo é uma tragédia, nada mais é que um tráfico de licenças, a custos mais baixos e intermediado pelo governo, para contaminar os usuários e mantê-los dependentes”, critica Marcelo D’Elia Branco, coordenador geral da Associação Software Livre.org. Para ele, a iniciativa não estimula e nem fomenta o desenvolvimento e a criatividade de novas plataformas. “O governo, ao realizar essa parceria, não está trabalhando com a idéia da pluralidade educacional, além de passar a destinar recursos públicos para uma empresa privada cujo fim é ensinar os alunos a serem consumidores de uma única plataforma. Isso é moralmente condenável”, vaticina Marcelo Branco.
O acordo entre o governo gaúcho e a Microsoft, ainda prevê a disponibilização de e-mails “gratuitos” para os alunos, professores e diretores. “A Microsoft, mais uma vez, está defendendo, publicamente, a tese de que a inovação na indústria do software deve acontecer, somente, sob o controle e na direção da multinacional,” reflete Ken Wasch, presidente do Software & Information Industry Association (SIIA). Para ele, a empresa está “hegemonizando” as necessidades para poder vender seus produtos. “Não há nenhuma solução ‘tamanho único’ para as necessidades de software das corporações, ao redor do mundo. Contudo, a Microsoft está empregando táticas de relações públicas para incitar o medo entre as empresas e governos que estão considerando migrar para o modelo do software livre”.
Acordo parecido celebrou o estado de São Paulo, em outubro de 2008, quando o governador José Serra (PSDB) assinou a parceria com o presidente mundial da Microsoft, Steve Ballmer, para lançar programas de tecnologia na educação da rede pública. O acordo prevê que todos os alunos e professores de escolas estaduais, do ensino básico e técnicas, passarão a ter e-mails e acesso a novas tecnologias digitais e a informações sobre educação e internet.
“Essa rede corporativa vai facilitar muito a comunicação. Não se trata apenas de que vai abrir uma conta e vai usar a conta, mas vai facilitar muito a integração de toda a comunidade envolvida das escolas com os alunos, da secretaria com as escolas, enfim, é um passo adiante muito importante nessa área de informática no estado de São Paulo. É o maior convênio do mundo nessa matéria, em termos de volume de pessoas que serão beneficiadas”, disse o governador José Serra durante o anúncio da parceria.
São quase 5,5 milhões de alunos, professores, diretores, supervisores, dirigentes de ensino e professores-coordenadores da rede estadual de Ensino Fundamental e Médio, além do Centro Paula Souza, que administra Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do estado de São Paulo, que estão tendo acesso aos e-mails de até 5 Gigabytes (Gb), menos do que o Google fornece gratuitamente, isso é, 6 Gb, ou que o provedor Yahoo proporciona, que atualmente não mantém limites de armazenamento. O anúncio também foi feito 12 anos após o lançamento do primeiro grande webmail grátis e de alcance internacional. “Quanto valerá isto no mercado dos ‘unique visitors’ [visitantes únicos]? Por que o poder público deveria incentivar um serviço privado que será beneficiado com os milhares de acessos de seus alunos e professores? Não seria o caso de o poder público cobrar por esse benefício ao setor privado?”, questiona Sergio Amadeu, doutor em Ciência Política e professor da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero.
Já Marcelo Branco lembra que o governo federal, por meio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), mantém o serviço de disponibilização gratuita de webmail para os entes federativos utilizarem, em código aberto. “O governo federal tem um programa de disponibilização gratuita de webmail em código aberto. O que faz com que estes estados e municípios prefiram, ao invés de incentivar uma produção nacional e em código aberto, as parcerias com a Microsoft?”, questiona o ativista.
“A compra exclusiva de um fornecedor dominante irá impedir que, ao sair da escola, os jovens tenham acesso à tecnologia da informação”, avalia o engenheiro eletrônico Carlos Rocha. “Além de economizar milhões de reais para as escolas, a tecnologia aberta do software livre faz muito mais sentido para a educação. O objetivo da escola não é treinar operadores de computador mas, ao contrário, ensinar o aluno a explorar e a aprender sozinho, a raciocinar e a conceber e, assim, preparar o jovem, para a dinâmica da vida”, defende Rocha, que também ressalta a importância da pedagogia do software livre. “O educador consciente quer a pedagogia aberta, e o ensino com qualidade deve fazer os estudantes compreenderem por que as coisas acontecem. O acesso ao código aberto dos programas oferece esta compreensão, recompensa a curiosidade, e dá aos estudantes a possibilidade de ver, exatamente, como as coisas funcionam.”
Alternativas existem e não são poucas. São experiências que privilegiam, ao contrário do modelo apresentado pela Microsoft, a interatividade, a troca de conhecimento, o conhecimento compartilhado e a autonomia de seus participantes. E alternativas como esta a Fórum trará na sua edição de junho, aliás, mês em que acontece o 10º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS).